14 de mar. de 2013

Quando o Brasil foi mais elegante!

Maria Augusta Nielsen marcou época de bom gosto e comportamento no país, sendo a pioneira nos cursos de manequim e etiqueta. Fundou a Socila, em 1953, escola para o aprendizado das boas maneiras, andamento e postura - visando as filhas bem nascidas na sociedade existente no Rio de Janeiro. Sua “marca” cintila ao se fundir com os glamourosos anos dourados dos concursos de beleza feminina no país. Ela, com sua “bengala”, fez história nos áureos tempos da eleição da Miss Brasil - principalmente nos que foram realizados no Maracanãzinho.

Socila - Sociedade Civil de Intercâmbio Literário e Artístico teve a sua frente uma mulher visionária, empreendedora e determinada. Nos anos 60 inaugurou a primeira agência de manequins da América Latina. Desfilar até então era atividade exercida por moças da sociedade escolhidas a dedo para atuar como manequim. Dizem que as coristas dos cassinos fechados por Getúlio Vargas passaram a desfilar moda, gerando desconforto à sociedade que temia comparações e rotulação pejorativa de quem, a partir de então, pisava na passarela.

Conhecida como “Fada Madrinha”, por muitas de suas pupilas - Maria Augusta jamais deixou de auxiliar quem quer que fosse desde que realmente tivesse vontade de aprender e vencer. 

Exemplo é a modelo descoberta em um elevador - Josefa Domingos Soares (falecida em 31/7/2009), jovem pobre nascida em Itabaiana (PB), que residia na Baixada Fluminense (RJ). Depois de ser cuidadosamente treinada a mais famosa “Cinderela” de Maria Augusta foi morar na Itália onde desfilou para Pierre Balmain (1914-1982). Passou a se chamar Josepha Massimo após se casar com o nobre italiano Vittorio Emanuele Massimo (1911-1983) - Principe di Roccasecca dei Volsci, tornou-se Princesa.
Maria Augusta era a mais nova de seis filhos. Começou sua carreira no início da década de 1930 - aos 16 anos com o apoio da mãe numa casa chamada M.C. Modas. Ganha as passarelas nos anos 40. Estudou nos mais famosos cursos de comportamento em Nova York (Lucky e Powers School).

Em 1954 Sarah Kubitschek a convidou para preparar as filhas, Maria Estela e Márcia, que debutariam em Versalhes.

Seus feitos foram às alturas e findada a badalada temporada no Palácio das Laranjeiras frequentar a Socila virou item obrigatório na agenda das moças da high society, por ser a escola referência de elegância e status - indispensáveis para quem queria circular na alta sociedade carioca.
Tomada de coragem, certa feita disse ao presidente Juscelino Kubitschek - “Presidente, estou trabalhando na ilegalidade”..., motivando o presidente a criar em 1957 uma lei regulamentando os cursos profissionalizantes.

No preparo de misses (1958 a 1976) tinha como companheira sua lendária “bengala” que em verdade era um bastão, utilizado para marcar os passos do andar das candidatas atentas e com vontade de aprender. A mestra foi buscá-lo (bastão) nas escolas de dança, onde os maîtres de ballet utilizavam para marcar os passos das coreografias. A origem do bastão vem de longe, da corte de Louis XIV, em Versalhes.
Ela tinha passe-livre nas maisons em Paris. Fez cursos e entrevistou o mito Coco Chanel. Ergueu um império da beleza com filiais em quase todo o país, onde oferecia dos cursos de manequim/modelo e etiqueta - a tratamentos estéticos. Foi a precursora dos spas com o Beauté Services Socila (Serviços de Beleza Socila).

Foi casada três vezes, não teve filhos, fez fortuna e perdeu tudo. Menos - é claro, seus elegantes feitos... Vendeu a Socila para um de seus sócios e depois de treze anos afastada voltou a trabalhar na mesma escola que criou.

Resquícios da Socila resiste firmemente ao tempo na única filial ainda existente, que fica na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Maria Augusta – Gugu como era carinhosamente chamada – personalidade emblemática e mítica daquela época. Nasceu em 1923 e partiu às seis horas da manhã do dia 1º de novembro de 2009, no Rio de Janeiro, com 86 anos, vítima de parada cardíaca. Do glamour de outrora só restou o seu legado, pois continuará sendo uma lenda do ensino de classe para moças de fino trato.

Seda do Paraná no Miss Brasil 2010

Seda produzida no Paraná... marcou presença na passarela do tradicional Miss Brasil

O Estado é o maior produtor de casulos verdes do país, matéria-prima usada na confecção de fios de origem animal, proveniente do bicho-da-seda. Já manufaturado tem grande aceitação por suportar tingimento, resistência, qualidade de acabamento e não amarrotam com facilidade. É isso que foi mostrado no Traje Típico usado pela Miss Paraná 2010, Marylia Bernartd, durante uma de suas apresentações no tradicional concurso.

Aliada a beleza e complexidade do traje está um projeto social desenvolvido pelo O Casulo Feliz - de Maringá (www.ocasulofeliz.com.br) - que vem há anos dando oportunidade a comunidades que necessitam de um caminho para inclusão. 

A empresa nasceu em 1988, motivado pela ideia de que o fio de seda também deveria ser produzido de forma manual, aproveitando os casulos impróprios para a indústria e também reciclando os subprodutos dessa mesma matéria-prima.

Sedimentando em idéias de naturalismo, a empresa foi transformando esse pensamento em trabalho socialmente e ecologicamente responsável. Todos os casulos, fios, palhas ou estopas - que são fibras doadas pela natureza, estão sendo transformadas em objetos de desejo para o bem estar.

Inicialmente com uma roca Laneira de madeira e hoje máquinas especialmente desenvolvidas proporcionam o fornecimento de produtos com identidade própria, que reduz desperdício e aumenta a criatividade.

Atualmente O Casulo feliz produz mais de 20 tipos de fios que são expostos a infinitas gamas obtidas com tingimentos vegetais. O aprimoramento de técnicas naturais com pigmentos vegetais da biodiversidade brasileira foi um marco. Com casca de cebola, raiz do curcuma, folhas de manga, erva mate e sementes de urucum, na medida certa - é garantia de cor e luminosidade.

Ao longo do crescimento da empresa, os fios artesanais passaram a ser matéria-prima de produto de exuberante qualidade, resistência e beleza ímpar, utilizados para moda e decoração.

No caminho de tecer fibras naturais, O Casulo Feliz persegue a perfeição da seda em sua beleza mais primitiva que aguce cada um dos sentidos. Hoje, quem leva para casa a marca O Casulo Feliz entra em um novo universo que vai além do que alguém pode supor, com novos sentimentos e desejos.

O estilista Dirceu D’Lazari - da Vitral Atelier, mostrou a metamorfose da lagarta até o produto final. O material utilizado foi um exclusivo tecido elaborado especialmente para o traje (Voil Primitivo) e uma capa/calda feita em palha de seda entrelaçada presa em gaze, também de seda pura. Um costeiro que fecha e abre de forma sincronizada apresentava imagens que destacava o ciclo de reprodução da seda. A concepção do traje teve assinatura de Wall Barrionuevo