Miss Piraquara - Agta Raniele Ferreira
Minha mulher guerreira se chama Cintia Ishizaka, tem 42 anos, é casada, moradora de Piraquara há 36 anos. Cintia é mãe de um dependente químico e foi esse o fato que me inspirou a homenagear ela e as milhares de mulheres que lutam diariamente lado a lado de seus filhos.
Cintia foi mãe solteira aos 17 anos, ser mãe para ela significou um mundo novo ao qual aprendeu junto com seu filho, somente ele e ela. Seu filho frequentou as melhores escolas, aos 10 anos já era fluente em três idiomas e tinha uma experiência de ter morado no exterior.
Aos 12 anos, seu filho que era tão carinhoso, tão gentil passou a ter comportamentos estranhos, era tão próximo passou a se afastar cada vez mais. Aos 16 anos, foi o auge da dependência química, e começou a praticar pequenos tráficos de droga, foram anos e anos de luta, contra uma coisa que não dependia dela, mas estava desenvolvida dentro do seu filho, a pessoa que ela mais amava na vida estava morrendo por uma escolha que ele fazia.
Ser mãe de um dependente químico é as vezes nem reconhecer seu filho, é perceber dentro da sua casa um completo estranho, é ver seu filho sair de madrugada na incerteza que ele voltaria, é passar noites e noites em claro lutando com um inimigo que ela não tem o poder total de vencer e mesmo quando está sobre controle a qualquer momento pode voltar.
E foi em nome de muitas mulheres que passam pela mesma situação, que a Cintia me relatou, e principalmente essa mulher guerreira resolver dar voz, a todas que são julgadas, acusadas, e que sofrem preconceito por serem mãe de um dependente químico.
Atualmente minha mulher guerreira é casada, tem um filho de três anos, está na sua segunda graduação aos 42 anos. Seu filho dependente químico está afastado das drogas, e faz parte de uma estatística muito pequena de usuários que não morreram durante o tráfico.
Agradeço por ter essa oportunidade e pela sensibilidade dessa mulher em relatar sua história.
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